Retorno da banda sueca
ao Brasil
Em 5 de setembro de 2014 a banda sueca Ghost se apresentou pela segunda vez em São Paulo, no HSBC Brasil. Agora sim, podemos dizer que houve um ritual completo, diferente da prévia do ano passado onde abriram os shows de Slayer e Iron Maiden.
Um clima ansioso contaminou a platéia 15 minutos antes do início, alimentado por incensos nos dois cantos do palco e uma música ambiente sinistra. As pessoas inquietas imploravam a abertura das cortinas.
Quando ela finalmente se abre, o cenário apresentado é o do interior de uma igreja medieval, onde os 5 Nameless Ghouls tocam a introdução que acompanha a música Per Aspera Ad Inferi, Infestissumam.
Papa Emeritus II entra em cena, o público delira. Em seguida, o ápice da abertura: a canção Ritual, do primeiro disco, Opus Eponymous. Agora sim, o teatro está completo.
Entre os pontos altos do show esteve Satan Prayer, embalada por muita devoção, Con Clavi con Dio que teve direito a incenso de mirra, Elizabeth, acompanhada por rodas de bate-cabeça entre o público. Houve ainda provocações de Papa Emeritus em Body and Blood: "Vocês gostam de comer carne?".
Ao menos para mim, o momento mais atraente do show, de deixar de queixo caído, foi a execução de Death Knell, música que se mostrou mais intensa ao vivo do que no álbum. Talvez isso tenha acontecido porque o clima que buscam criar com o espetáculo, de repente, se traduziu perfeitamente na melodia mais arrastada, ou mais doom, de todas as suas canções. Um clássico.
O grupo mostrou grande sintonia naquele momento e Death Knell terminou com um arranjo diferente de guitarra e uma cadencia que progrediu para o pop. Pop, porém macabro. Seguida da versão de Here Comes the Sun e da instrumental Genesis, conseguiram emocionar o público com um dos melhores desfechos de álbum dos últimos anos. Quiçá, desde o Sgt. Pepper's dos Beatles? Pode ser um exagero meu.
Uma pena que, depois da sequência que encerra o álbum Opus Eponymous, veio realmente a ultima sequência de músicas do show. A platéia não se aguentava e gritava Hail Satan!, Belial, Belzebul, Satanás, Lucifer. E foram atendidos.
Seguiu-se à Year Zero o cover de Rocky Ericson, de seu álbum The Evil One (1981), If You Have Ghosts. Um pouco antes, veio um triste aviso de Papa Emeritus de que o espetáculo estava para terminar.
O bis foi uma comoção. As pessoas, em sua maioria já conhecedoras do set list, cantaram Ghuleh / Zombie Queen e imploraram o retorno da banda. Eles retornaram e e enceraram com Ghuleh /Zombie Queen, que novamente deflagrou alguns bate-cabeças, e Monstrance Clock, já de praxe.
Na introdução de Monstrance Clock, Papa Emeritus deu suas últimas mostras de carisma e simpatia da noite, explicando as intenções da canção. Erotismo, hedonismo e bom humor, conclamando a platéia a cantar junto, balançando num só ritmo, aquele ritmo bom que leva ao orgasmo. Apropriado para uma sexta à noite, afinal, esse é o cerne do rock n' roll.