26 de jun. de 2011

The Fugs

Punk-folk de protesto 
The Village fugs (ou The Fugs First Album) - 1965

Banda formada em Nova York que fez parte de uma ativa cena underground, tanto em Nova York quanto na Califórnia.

Experimentais e influenciados pela Beat Generation, tiveram aproximações inusitadas com o folk-rock.


Eram uma banda "de protesto". Este rótulo não os define em totalidade mas representa uma característica forte da banda, cujas letras são cáusticas e irônicas, as apresentações permeadas por performances freaks cujo som era igualmente amalucado.


Uma descrição possível para sua sonoridade é pensar num punk-folk psicodélico nada usual. O nome da banda é um eufemismo para "Fuck". O som da palavra "Fug" é similar.

Virgin Fugs (ou The Fugs Second Album) - 1967

São também uma espécie de mistura de Frank Zappa com Velvet Underground. Diferentemente destes últimos, tiveram uma boa aceitação na Califórnia, o que provavelmente se deve a forte influencia que tiveram da Beat Generation.


Influenciaram também Sgt. Pepper's, pois Paul McCartney ficou impressionado com um disco da banda durante as gravações. Paul mantinha uma conta numa loja de discos britânica, que lhe mandava os últimos lançamentos que lhes chegavam à mão.



A estréia do The Fugs foi num local importante para a cena underground de Nova York: a Peace Eye bookstore. Lá estavam Andy Warhol, William S. Burroughs, Allen Ginsberg, entre outros.

Peace Eye Bookstore


Fonte

22 de jun. de 2011

O lado B dos Rolling Stones

Mesmo as Pedras que Rolam deixam traços no Limbo

Há muitas músicas feitas pelos Rolling Stones que estão espalhadas por coletâneas e versões americanas/britânicas dos primeiros álbuns, além de compactos esquecidos no tempo.


É um trabalho prazeroso pesquisar sobre elas e agrupá-las numa postagem. Porém, vamos nos ater principalmente à época psicodélica.


Existem 3 coletâneas com músicas descartadas em gravações, cedidas à outros interpretes e figurantes de versões britânicas dos primeiros álbuns que, por serem abrangentes, retratam o período psicodélico dos Rolling Stones.

Período este que vai um pouco antes de Between the Buttons (1967) até um pouco depois de Their Satanic Majesties Request (1967).

Flowers - 1967


A primeira destas coletâneas é Flowers (1967), cuja capa foi feita pelo artista Tom Wilkes, que criou a identidade visual do Monterrey Pop Festival. 

Flowers é uma reciclagem de faixas da versão inglesa do disco Between the Buttons, e contém também algumas faixas nunca lançadas antes como:




Um cover suave de My Girl, clássico do R&B


BackStreet Girl, balada folk com estorinha  machista ( sniff :/ )



Em 1967, lançaram ainda o compacto We Love You / Dandelion. Duas das faixas mais psicodélicas dos Stones que, no entanto, não figuraram em nenhum álbum. O próprio compacto funcionava como um mini-Lp conceitual: o fim da melodia de Dandelion é o início da melodia de We  Love You.



vocais de fundo de John Lennon e Paul McCartney


vocais de fundo de John Lennon e Paul McCartney



Metamorphosis, coletânea lançada em 1975, era para ser (segundo o desejo de Bill Wyman), uma compilação extensa que se tornaria um arquivo sonoro de todo o trabalho alternativo da banda.

Metamorphosis - 1975


Mas, segundo o desejo de produtores, o álbum se tornou uma coletânea enxuta, que prioriza músicas de autoria dos próprios Stones, o que geraria mais lucro do que lançar todo o trabalho alternativo que contém muitos covers.


As faixas de Metamorphosis são heterogêneas e vão de descartes como I don't Know Why (de Steve Wonder), mixada no dia da morte de Brian Jones; Memo from Turner (trilha sonora do filme Performance); até composições do início da banda que eram ofertadas para serem gravadas por outros cantores. Destaques do álbum:


Memo From Turner - Trilha de Performance


Downtown Suzie, escrita por Bill Wyman 


I Don't Know Why - a lá Jimi Hendrix


Contra-capa


A terceira coletânea importante de lados B dos Rolling Stones é a coletânea britânica No Stone Unturned, lançada em 1973, repleta de canções inéditas. 

Destaque para Child of the Moon (Maravilhosa!), que foi lado B do compacto Jumpin' Jack Flash, de 1968.

O álbum apresenta ainda Who's Driving Your Plane e Sad Day, sendo esta última uma canção incrivelmente injustiçada.
 
Who's driving your plane? 
o nascimento da rebeldia


Um cover de Poison Ivy (Venenooosa, yêhehehe
Eva Venenoosa, yêyê, seu veneno é Cruel)



A arte do álbum é uma fotografia sem equivalentes: a capa é a contra-capa e a contra-capa é a capa.


No Stone Unturned - 1973

Contra-Capa


Outro destaque à parte é a faixa Stoned, um blues diferente de todos os outros gravados pela banda. Chapação garantida.



Fonte
CLAYSON. Alan. Rolling Stones: gravações comentadas e discografia completa - São Paulo: Larousse do Brasil, 2009.

E, como sempre, o Youtube está aí para ajudar.

20 de jun. de 2011

Ken Kesey e os Merry Pranksters

Faça de sua vida arte. Seja Livre.
O ônibus dos Merry Pranksters



Uma das idéias mais libertárias (e libertadoras) do século XX, foi a experiência proposta por Ken Kesey, cuja finalidade (dentre muitas) era a de destravar o indivíduo.


Ken Kesey

Ken Kesey era um escritor bem-sucedido, autor do best seller Um Estranho no Ninho (que mais tarde viraria um filme exemplar, dirigido por Milos Formam e estrelado por Jack Nicholson), já aí criticava a normalidade emburrecedora do sistema em que vivemos.


Um Estranho no Ninho

Foi então que abandonou uma vida segura e previsível, custeada pelos lucros obtidos com seus romances que vendiam bem (apesar de críticos), em troca de uma vida de experiências e descobertas, no ambiente mais natural das comunidades rurais.




Então, se tornou um elemento marginal, 
criticado pela sociedade que admirava seus livros transgressores e que ao mesmo tempo celebrava o estilo de vida burguês, hipócrita, convencionalizado: libere-se apenas na teoria e nunca na prática.

Você passaria no teste do ácido?

Ken Kesey mudou-se para a Califórnia e lá iniciou os Testes do Ácido, que consistiam em festas ou eventos públicos promovidos por ele e sua trupe, os Merry Pranksters (os Festivos Gozadores).




Tudo isso englobava performance e shows multimídia acompanhados de bandas de rock. 

Os Grateful Dead foram uma das que os acompanharam. A maioria dos testes do ácido era feita de forma simples e espontânea, explorando a linguagem do Happening.


Ken Kesey vestia-se de Tio Sam e distribuía ácido lisérgico


Os testes do ácido surgiram da crítica de Kesey ao projeto MKUltra, da CIA, em que foi voluntário para testes com LSD e das experiências nonsense da viagem que fez com os pranksters, indo da Califórnia até Nova Iorque, para o lançamento de seu segundo livro: Sometimes a Great Notion. 

Tal experiência se tornou o paradigma da vivência contracultural. Um estilo de vida aberto às possibilidades do ser, sem o peso do super-ego burguês.

A viagem se deu em um ônibus escolar antigo, repleto de pinturas abstratas e orgânicas, dirigido por Neal Cassady, a inspiração para o personagem Dean Moriarty em On the Road, de Jack Kerouac. 

Cassady era, portanto, uma lenda viva, que re-confirmava tal status dirigindo ainda o ônibus dos Merry Pranksters.




A música Magic Bus, do The Who, parece ter sido inspirada no ônibus dos Pranksters. 

Depois, a mesma ideia foi reaproveitada pelos Beatles em Magical Mystery Tour. Ken Kesey literalmente fez escola.


Kesey e seu ônibus

A viagem a bordo do ônibus Further ocorreu em 1964, e os testes do ácido entre 1964 e 1966, quando o LSD ainda era legalizado. Os acid tests foram a gênese da febre dos light shows.





Inscrição para o teste


Essa performance psicodélico-viajante de Ken Kesey influenciou ainda Andy Warhol e seu grupo, o Exploding Plastic Inevitable, que promoveu uma turnê pelos EUA entre 1966 e 1967, classificado por Kesey como um evento atrasado, em vista do que já havia ocorrido na Califórnia.


teste do ácido para graduação


Toda essa história está relatada no livro do escritor Tom Wolfe (outro autor de best-sellers). Leia: O teste do Ácido do Refresco Elétrico.






Fontes
Uma matéria muito bem feita e completa do site 

Um site com texto bom e muitas fotos legais

14 de jun. de 2011

Morgen

Existencialismo e apocalipse tomam forma sonora hipnótica e barulhenta 
Morgen - 1969


Esta é uma das bandas obscuras que recebe grande atenção por parte de colecionadores por causa (dentre as causas prováveis) de seu som inclassificável, embora possamos encaixa-lo no rock psicodélico.




Dentre os rótulos que podem ser dados estão: garage rock, psicodélico, acid rock, hard rock, progressivo, blues rock, stoner rock, pré-punk. Mas, é claro, as músicas transcendem tudo isso.


contra-capa




As músicas do único disco lançado (Morgen, 1969), possuem um tom apocalíptico, angustiado e falam sobre questões existenciais como a consciência da morte, a eternidade e o amor.




A capa, uma reprodução de O Grito, de Edward Munch, traduz muito bem o material sonoro, já que Munch, pintor expressionista norueguês, costumava representar a angustia e os tormentos existenciais. 


O Grito, óleo sobre tela - 1893


Sobre as informações corriqueiras, temos que Morgen é uma banda liderada por Steve Morgen, formada em Long Island, EUA, e que durou apenas um ano.




Pouca coisa de qualidade há na internet sobre esta banda, porém um blog inglês traz recortes de jornal, entrevista, documentos e imagens únicas sobre o único disco da Morgen. Leia na íntegra:


Galactic Ramble: Morgen: making people aware of the reality of death...: "Most of the US psych obscurities featured in Endless Trip have both admirers and detractors, but a small handful seem to be loved by all...."


Fontes

11 de jun. de 2011

The Five Canadians

Muitos efeitos sonoros em apenas 4 faixas de ruído contagiante
Writing on the wall - 1966 - EP

Banda de Garage rock do Texas, EUA. Um entusiasmo tomou conta de mim quando ouvi Writing on the Wall, numa web-radio de rock psicodélico, do Texas é claro. 

Sobre a banda, é sabido que lançaram somente um EP (mini LP, com quatro faixas) em 1966, chamado 
Writing on the Wall

As quatro faixas do EP são repletas do costumeiro fuzz e principalmente dos efeitos do orgão Farfisa, fundamental para o garage e o psychedelic.

orgão farfisa


O nome da banda foi uma espécie de piada, que gerou polêmica sobre a origen dos integrantes. Eram de San Antonio, no Texas, mas muita gente achava que eram canadenses. Fizeram sucesso na cena local.



Fontes

8 de jun. de 2011

O Rock Psicodélico

Histórias prováveis sobre o início da viagem


A Califórnia deve ter sido o local do surgimento do rock psicodélico, além de ser o ambiente no qual ele mais floresceu.

No início dos anos 1960 uma verdadeira cena underground, com vontade de novas experiências, já havia se formado por lá, composta por beatniks e outros nômades em busca de uma vida alternativa.

Cartaz feito pelo designer Tom Wilkes.
Monterey, na Califórnia, foi palco de um dos mais
importantes festivais da contra-cultura.


Isso acarretou também nas experiências com LSD, que até a metade dos anos 1960 não era ilegal.




Impulsionado pelos Testes do Ácido, promovidos por Ken Kesey e os Merry Pranksters, logo a substância ficou bem popular. 

Junte a isso tudo um grande interesse por cultura oriental, que já estava sendo manifestado por muitos, desde os Beatniks.




Dentre as questões sonoras podemos situar a origem dos rock psicodélico junto com a do rock de garagem: uma busca por distorção e efeitos, porém, sem perder a simplicidade. Aí está a diferença em relação ao Progressivo.


Fifth Dimension - 1966


Os Byrds são muito bons representantes do início dessa cena. 

Embora não tenham origens no garage rock, inovaram seu som folk misturando-o ao pop, às distorções da guitarra elétrica e aos primeiros usos da cítara indiana de que se tem notícia.


Single - 1965


Esse orientalismo influenciou o disco Revolver dos Beatles e pode ser considerado o começo de uma exploração mais intensificada de novos sons e efeitos que se seguiram.




Fontes
HEYLIN, Clinton - Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band: um ano na vida dos Beatles e amigos. Tradução: Patrícia De Cia e Marcelo Orozco. São Paulo: Conrad, 2007

ORDÓVAS, Jesús - El rock Ácido de California. Coleção Los Juglares. Madrid: Ediciones Jucar, 1975.

Música dos anos 60.Blogspot 

Wikipedia 


4 de jun. de 2011

Brian Jones Presents The Pipes of Pan at JouJouka:


As descobertas de um europeu famoso na África

The Pipes of Pan at JouJouka - 1971


Em 1968, Brian Jones viajou ao Marrocos para assistir ao JouJouka Festival, que acontece todos os anos na vila de JouJouka, ao sul das montanhas Rif, perto da cidade de Ksar-el-Kebir (Alcacer Quibir, em português).

Introduzido à vila por Mohamed Hamri, um artista marroquino que começou a promover o festival entre os poetas da Beat Generation, Brian Jones acabou gravando um disco: The Pipes Of Pan At JouJouka (As gaitas de Pan em JouJouka), que foi lançado em 1971, dois anos após sua morte.

Brian Jones


O festival de Joujouka é um evento tradicional e religioso, que celebra os ritos Sufis. O Sufismo é um ramo místico do Islamismo, cujas raízes na vila de Joujouka datam do século XV, com a chegada de Sidi Ahmed Schiech, considerado um santo Sufi. 

Por meio dele nasceu a tradição musical da vila, constituída de tambores, flautas, gaitas e vozes ritmadas, numa pulsação que dura horas e que cria sonoridades hipnóticas com o objetivo de alcançar a cura para os distúrbios da mente. Os músicos que as executam são conhecidos como Masters Musicians of JouJouka (mestres músicos de JouJouka). É uma tradição herdada de pai para filho.

O registro sonoro obtido por Brian Jones contém apenas uma amostra muito pequena do que é o festival ao vivo. O disco dura cerca de 30 minutos, mas cada faixa durou na verdade entre 3 e 4 horas.


Masters Musicians of Joujouka


O festival celebra a figura de Boujeloud, um mito sufi identificado por William S. Burroughs e Brion Gysin como uma versão de Pan, deus grego da música. Todas as primaveras Boujeloud traz o dom da flauta aos mestres músicos de Joujouka e abençoa seu povoado com a fertilidade.

Dançarino em transe representando Boujeloud


William S. Burroughs e Brion Gysin (o primeiro foi um famoso escritor norte-americano, e o segundo um pintor inglês surrealista), estão entre as primeiras celebridades a conhecerem o festival de JouJouka. Eles foram até lá também por intermédio do pintor marroquino Mohamed Hamri, cujo tio é nativo da vila.

Após a ida de Brian Jones ao festival, este passou a ser frequentado por muitas celebridades e continua até hoje.

Visitar a vila hoje em dia é possível, porém mais difícil. É preciso uma autorização e são permitidas poucas pessoas por vez, para que assim o festival possa continuar a ser realizado preservando suas características tradicionais.



 




 
 


Fontes
O blog e o site oficiais. 
Aqui há informações sobre como visitar e várias notícias:
Joujouka Festival.Blogspot 
http://www.joujouka.org/
Sobre as primeiras celebridades no festival e o mito de Boujeloud:
The Quiet Us.com
Resumo muito bom sobre o disco no All Music:
All Music.com 
Artigo de 2015 na Rolling Stone:
https://www.rollingstone.com/music/music-news/morocco-dance-party-joujouka-brian-jones-41356/
Artigo de 2019 no site Radiophrenia:
https://radiophrenia.scot/the-joujouka-international/ 



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