2º Parte: "Saia de sua mente para usar sua cabeça". Ou ainda: A mensagem do meio é o efeito da alucinação
matéria de capa sobre a exposição Us down By the Riverside - 1966 |
Este sobrecarregar dos sentidos se dava pelo bombardeamento de inúmeros tipos de estímulos:
Música, ruído, luz estrobo, máquinas que emitiam luzes, poemas luminosos, discos cinéticos, televisores, osciloscópios, poltronas giratórias, pinturas visionárias mescladas a pontos de Led, etc.
Uma completa sinestesia.
USCO: Fanflashtic, instalação - 1968 |
Este carregamento sensório era feito com o objetivo de levar a pessoa à um estado alterado de consciência.
USCO: Difrator Triplo - 1964-1966 |
A base intelectual de muitos dos intuitos do USCO estava centrada nas idéias do professor canadense Marshall McLuhan, famoso pela sua máxima "o meio é a mensagem".
The Joshua Light Show e uma apresentação de Frank Zappa |
McLuhan afirma que o impacto causado pelos meios de comunicação são a sua real mensagem, e não o conteúdo que veículam.
O conteúdo, é claro, pode ser bom ou ruim, mas as transformações sociais geradas pelos meios independem deste conteúdo.
Richard Aldcroft: 'Infinity Projector' - 1966 |
McLuhan afirma ainda que há meios quentes e meios frios. Os meios quentes tendem a gerar estados hipnóticos pois demandam muita atenção, são meios com muita informação e por isso põem a pessoa num estado passivo.
Poster de divulgação do clube canadense Retinal Circus - literalmente Circo da Retina. |
Exemplos dados de meio quente são a imprensa escrita e o rádio.
Os meios frios tendem a gerar estados alucinatórios pois demandam participação. Isto porque são meios pobres de informação, ás vezes rústicos, ou porque a imagem ou o som emitido possui pouca qualidade.
Richard Aldcroft: 'Infinity Projector' - 1966 |
Nada está definido, exigindo que a pessoa complete a informação ou se esforce mais para compreende-la, gerando assim pleno envolvimento, do qual nem sempre somos conscientes. Exemplos dados de meio frio são o telefone e a TV.
Mark Boyle: Earth, Air, Fire & Water - 1966 |
Como vimos, a tecnologia da informação é capaz de alterar nossa percepção do mundo, tal qual os alucinógenos.
Mark Boyle: Earth, Air, Fire & Water - 1966 |
Por isso, os meios tecnológicos foram os empregados pelos coletivos de Light Shows para fazer com que a consciência normal cedesse, criando assim uma experiencia similar a do LSD, por meio do
bombardeio de estímulos.
Chamava-se a atenção para o fato de que o ambiente saturado de mídias, em que se vive numa sociedade industrial, é um ambiente de constante
bombardemento sensorial, repleto de mensagens dirigidas a todos os sentidos, grande parte delas produzidas pela Publicidade.
O light show em si é um meio frio, exigindo a participação.
Além do show de luzes propriamente dito, um light show deve contar com música e performances, melhor dizer Happenings, por serem mais espontâneos.
Um dos primeiros happenings psicodélicos foi o de Ken Kesey e seus Merry Pranksters e os famosos testes do ácido: os merry pranksters distribuíam LSD (quando este ainda era Legal) para as pessoas que se aglomeravam nos testes, aos som de Grateful Dead. Uma atitude provocante à CIA e seu MKUltra.
The Joshua Light Show at the Fillmore East
Os Light Shows aconteciam tanto em galerias de arte quanto em shows de rock, clubes e discotecas ou palestras teatrais de Timothy Leary.
USCO: para a instalação Tabernáculo - 1966 |
São os precursores das raves e de qualquer showzinho de luzes que acompanhe uma apresentação musical.
Fontes